terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Amor Verdadeiro


Oi, me chamo Antony e tenho 89 anos. Estou em uma cama de hospital e já sinto que a morte se aproxima para mim. Mas tudo bem, estou satisfeito com tudo e partirei em paz...
O que irei contar agora, é o que meu filho, um escritor nato e ao qual tanto incentivei, escreverá de história minha. Que irei passar para vocês, por ter passado os últimos anos reparando que algo está errado em nossa sociedade.

Lhes conto cavalheiros. A história do que chamo eu, de o “Verdadeiro Amor!”

Isto aconteceu quando eu tinha 25 anos e estava solteiro. Não estava preocupado com romances e namoros. Eu estava feliz na minha vidinha sem emprego morando com meus pais que tanto me perturbavam para “Ser alguém na vida”. Aliás, eu realmente não me importava com os medos que tinham de algo não dar certo na minha vida.

Um dia, andando pela praia sozinho, parei em um tronco de arvore que nunca entendi como foi parar lá. Afinal, o costume é haver pedras não é?! E fiquei por ali. Sentado, pensando na vida. Lembro me que naquele dia em especial, estava cheio de pensamentos positivos sobre a vida e como eram maravilhosas as muitas coisas que eu poderia fazer de interessante.

Quando vi um casal ao longe vindo lentamente, passo após passo. Via que em alguns momentos, a conversa rendia risadas escancaradas e outros momentos, silencio pacifico. Pareciam muito próximos e observei atentamente a eles...

Ao se aproximar, passando em minha frente, a garota olhou fixamente em meus olhos. E eu por sua vez, pareci magnetizado em uma espécie de mágica. Seu parceiro talvez tenha me notado, mas nem sequer virou o rosto em minha direção. Olhando me por mais ou menos uns 5 segundos, fiquei impressionado e logo após, terminou o estranho momento e ela voltou se para frente novamente, caminhando com seu parceiro pela areia da praia.

Alguns pensamentos me invadiram a mente, imaginando várias coisas que minha imaginação criava de histórias sobre como aquela garota poderia ser e avistei eles longe após alguns minutos... Estava novamente absorto no clima do mar. Talvez agora, sem pensamentos. Quando...

Um “Oi” ao meu lado surge e pareci ter voltado a realidade. Me virei e era a garota que havia me encarado. Fiquei meio sem jeito e demorei uns segundos para responder com um “oi” novamente. Sorrindo me disse que tinha me achado interessante e que não viu malicia ao me olhar. O que era compreensível ela achar interessante. Pois era deslumbrante a sua beleza e corpo. Algo que instiga desejo nos homens e os leva a querer coisas erradas em vista da natureza das mulheres.

Respondi que a estranha situação dela ter me encarado talvez tivesse me tirado de pensamentos corrosivos. E ela me olhou calada por um momento. Como se pensando em algo profundo. Disse então que ainda sim não via em mim eu pensando algo como eu disse “Corrosivo”. Dei risada e ela me perguntou se podia sentar junto a mim.

Disse sim é logico! Ela estava me fascinando. E de alguma forma, eu também a estava. Ficamos ali conversando e tudo fluiu naturalmente, como se nos conhecêssemos a anos. Contamos historias, falamos sobre opiniões e refletimos sobre várias coisas que tanto eu quanto ela dizíamos. Era fascinante como em um primeiro momento, estávamos conversando com tanta atenção mutua.

Ela falava e eu escutava. Eu falava e ela escutava!

O tempo passou e passou rápido! Quando vimos, já era meia noite. Conferi espantado ao relógio e perguntei preocupado com ela, se tinha como ir em segurança para casa e se seus pais não iram brigar com ela. Ela por sua vez, sorrindo com a situação, pareceu estar despreocupada e disse que tinha uma pequena quantia de dinheiro que sempre carregava com ela, pra situações de um taxi ou algo de emergência. Disse também que morava sozinha e que por isso não estava preocupava!

Parei um momento imaginando como iria para casa se já não circulavam mais ônibus e não tinha dinheiro para um táxi. Quando ela perguntou se eu não gostaria de passar a noite no apartamento em que ela ficava. Apenas até o dia amanhecer... Disse que não gostaria de incomoda-la e que estava tudo bem. Ela fez sinal com os ombros e disse, então tudo bem.

Fiquei parado pensando um momento a mais e voltei atrás. Será que posso mesmo dormir em seu apartamento? Ela riu e disse que não havia problema algum. Então aceitei a proposta e fui com ela até um orelhão próximo para ligar em casa com o cartão que tinha guardado em minha carteira.

Minha mãe atendeu preocupada e falando muito. Disse para ela se acalmar, parar de falar e contei o que havia acontecido o mais resumidamente o possível. Ela então me perguntou se essa garota não parecia estar querendo fazer alguma malvadeza comigo e eu ri dizendo que estava tudo bem. Que logo cedo voltaria pra casa. Ela então disse que iria acordar cedo para me esperar. Nos despedimos e fomos ao ponto de táxi que não ficava longe.

Por sorte não havia bairros perigosos e nem pessoas estranhas naquela noite por onde passávamos, mas enquanto caminhava com ela, em alguns momentos de silencio, imaginei se o que minha mãe disse não pudesse ser verdade.  Olhei para a garota, a quem irão saber mais tarde quem era e ela me olhou com um semblante pacifico em seu rosto. Não consegui imaginar nenhum mal nela e tudo que poderia surgir de receio em minha mente sumiu.

Fomos em silencio durante a viagem inteira, olhando para fora da janela enquanto eu ficava pensando um milhão de formas de como não incomodar a ela. Era um enigma saber o que ela poderia estar pensando. E nem tentei decifra-la, parecia longe demais da minha realidade.
Finalmente chegamos. Subimos uns 4 andares e entramos em um apartamento não muito grande. Que tinha muitos livros e outras poucas coisas que deixavam o lugar bem limpo. Era impossível fazer bagunça com tão poucas coisas... Parecia ter absolutamente o básico que lhe necessitava para ficar bem sozinha.

Reparei que o colchão era de casal e perguntei onde estava seu namorado. Ela deu risada e perguntou quando havia dito que tinha namorado?! Respondi com um “uai, e aquele rapaz que caminhava com vc na praia? ”Ela riu novamente e disse que era seu irmão e que ele sim morava com seus pais.
Fiquei meio que feliz pela resposta e perguntei onde iria dormir. Ela respondeu suavemente com um “como assim”. Achei estranho e em minha ingenuidade fiquei imaginando se era o obvio. Então perguntei. Irei dormir junto a você? Me respondeu que “sim bobinho”.

Fiquei quieto e alguns segundos após isso, todo tipo de pensamento malicioso começou a espreitar minha cabeça. E me diverti com vários deles. Dei risada sozinho e ela reparou. Perguntou o que eu estava rindo e disse que lembrei do tombo que meu amigo havia tomado durante a manhã! Era mentira, não havia tombo. Mas fui rápido na mentira e pareci ter a enganado.

Ela bocejou e perguntou se eu estava com sono. Disse que sim e que já fazia dois meses que não dormia tarde. Ela disse que também não conseguia mais ficar acordada até tarde. E então foi até um armário e começo a pegar cobertores e travesseiros, para mim e para ela...

Nos deitamos e fiquei pensando se eu pudesse ao menos beija-la! Aquele seria o melhor dia da minha vida. Ela nesse momento, estava deitada de costas para mim e não quis incomoda-la em puxar conversa ou algo do tipo, por que seria muito desrespeito com uma garota tão maravilhosa e atenciosa como ela. Fiquei na minha e não conseguia fechar os olhos.

Ela se virou para mim e meus olhos se fecharam. Ela disse, eu vi você fechando os olhos! Droga, fui lento eu pensei. Ela riu deitada de frente para mim agora e disse que não estava conseguindo dormir, por que estava pensando em muitas coisas. Ela então perguntou se eu estava pensando nela e eu disse que sim e o quanto ela era legal.

Ela então ficou me olhando fixamente novamente e eu me perdi totalmente nisso... Antes que eu pudesse me sentir mais idiota ainda por não tomar nenhuma atitude. Ela veio em minha direção e me beijou. Lembro me. O melhor beijo da minha vida.

Mas não paramos por ai. O beijo foi intenso e podia sentir seus lábios de várias formas. Apertava os suavemente com os dentes e tocava seu rosto lentamente com o arrastar de meus dedos. Não haviam pensamentos e nem mais receio de qualquer coisa. Era como se ela estivesse totalmente entregue a mim e eu a ela. 

Com minha mente em silencio, tudo fluía naturalmente, sem pensar, havia apenas agir. E assim foi! A tocava lentamente. Desde seus cabelos, até o deslizar suave por toda sua costa e logo chegando em suas nádegas, traseiro, bunda ou como seja que queiram chamar. As apertei e subi novamente tocando sua cintura e a apertando enquanto nos beijávamos. Como se naturalmente sentisse o máximo o possível seu corpo.

Logo ela me segurou firme por meus bíceps e me afastou me encarando com uma face que expressava um mix de safadeza com entrega e feminilidade. Nada ali parecia nem tão angelical, e nem tão “diabinha”. Apenas, “ela”! Então, comigo sobre ela deitada, tirou sua camiseta e a ajudei. Fazendo assim eu tirar minha calça e ficar de cueca. Até ela dizer que podia tirar tudo.

Fiz como ela disse e após isso, tirei toda a roupa dela também. Estávamos nus agora e nosso corpo mais colado de que em qualquer momento anterior. E me coloquei dentro dela... Foi magnifico, o prazer como nunca em minhas aventuras de jovem havia sentido antes. Ela parecia me completar e juro ter sentido a sensação. Ela estava completando minha alma. Era como se eu fosse ela também! Senti prazer por dois e ela parecia estar igual a mim...

Não fizemos posições complexas ou qualquer coisa de um sexo excêntrico. Mas estava intenso e aproveitamos o momento. A cada segundo. Parecendo ficar mais e mais intenso. Até que um momento de muito fervor. Quando já estávamos todos suados. Tivemos um orgasmo! O primeiro de minha vida.

Não tínhamos camisinha e nem se quer lembramos da existência disso. Fomos a marte e voltamos para dizer oi pra terra. Lembro me de tudo. Como se fosse hoje. Afinal, não há como esquecer.
O orgasmo. O ápice do prazer. A sensação mais forte que um ser humano pode sentir em sua vida terrestre. Com uma singela diferença da maioria dos casos que já li ou ouvi histórias. O orgasmo em conjunto!

Ambos chegamos ao ápice juntos e compartilhamos de uma onda de choque prazeroso que começou em toda nossa coluna cervical, como em uma grande explosão de prazer dentro de nós e subiu em direção ao topo de nossa cabeça. Simultaneamente. Tanto para mim, quanto para ela! ... Aquilo durou uns 2 ou 3 segundos, mas senti que isso fez minha vida inteira...

Talvez eu tenha alcançado a transcendência, pois a partir daquele dia. Eu que não ligava para nada. Liguei me a tudo!

Após ficarmos horas rindo e sem dormir. Parecendo dois bobos em uma cama, ou mesmo drogados aos olhos dos outros se nos vissem. Vimos o dia amanhecer e resolvemos ficar abraçados na janela enquanto o laranja do sol resplandecia toda a vista para além das montanhas ao longe da costa litorânea. Ficamos juntos por alguns minutos ali e fomos deitar para tentar dormir um pouco.

Naquela noite. Não houve medo, preocupação, ansiedade, tristeza, carência ou qualquer coisa que possa ser negativa a um ser humano. Apenas uma incrível manifestação da vida através da experiência mais fantástica que eu pude ter.

Eu e minha namorada que se tornou isso no mesmo dia em que finalmente dormimos após tudo aquilo. Eu e minha incrível mulher que me ensinou tanto durante os anos juntos a ela. Eu e a maravilhosa pessoa a quem eu escolhi desde aquele dia, amar até mesmo na eternidade.
Minha incrível... e maravilhosa. Esposa, rainha, Deusa, Anjo ou qualquer adjetivo que eu possa usar para definir a maior experiência de ensinamento para tudo que me tornei até hoje.


Está é a história de meu pai em seu leito de morte... E sou grato por ter nascido em um casal com tanto amor. Amor esse que não faltou para ninguém, pois eram especiais até com desconhecidos.
Essa foi a última história que pude pegar dele e o perguntei se ele voltava no tempo quando lembrava dessa história, por que a forma detalhista como me contava era fascinante e ele dizia que contava aquilo, por que temia que eu “deixasse de viver na vida”.

Dizia que observava muitas histórias de pessoas se perdendo em prazeres que são egoístas e triviais. Que os jovens da idade dele naquela época, não conseguiam entender o que é se entregar e deixar de lado seus desejos egoístas e se juntar ao outro como se todos fossem uma única coisa no universo. Se conectar com Deus. 

Meu pai, de muitos anos me criando, nunca deixou eu acreditar em pensamentos negativos e sempre me disse coisas que fizessem eu mesmo pensar em minhas falhas... Mesmo não tendo nada externo, me mostrou que eu era capaz não só de alcançar meu sonho de ser escritor, como também, de ter paz além de qualquer sofrimento que as pessoas acreditam.

Nos dias finais de vida do meu pai... Conversamos muito e anotei sua história que ele chamou de o “Verdadeiro amor”. Então, 3 dias após isso, ele faleceu com um pequeno sorriso em seu rosto durante o sono.
Nunca entendi em palavras para escreve-las. Mas sempre compreendi o que era amor através da minha doce e silenciosa mãe. E de meu amoroso e falador pai!

Desejo amor sem egoísmo a todos. Paz...

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